Liberdade de expressão é
quando podemos opinar livremente sobre diversas questões, polêmicas ou
triviais, sem o fantasma da censura, da imposição de ideias criadas com ar de politicamente
correto. Mas, será que existem limites para eu poder expressar tudo o que penso
ou sinto? O brocardo “meu direito acaba quando começa o seu” poderia ser
estendido a outras faces da vida como a ética e a religião.
A intolerância faz voltar à barbárie, faz de
nós homens irracionais, sem escrúpulos e sem limites, tanto quem produz quanto
quem apoia ou acha graça nas múltiplas formas de chacotear os que estão no alvo
de olhos preconceituosos. Essa é a base do bullying, do tirar onda, da zoação
tão comum, principalmente, entre os jovens, ver graça na desgraça alheia.
Esse humor negro foi reavivado
essa semana quando o jornal francês Charlie Hebdo, aquele do atentado em
janeiro do ano passado, onde 12 pessoas morreram e que mobilizou massivamente o
mundo inteiro na solidária frase “ Je
Suis Charlie “, ao satirizar com uma charge de péssimo gosto, supondo que
se tornaria um “apalpador de bundas alemãs” o garoto de 3 anos Aylan Kurdi , o pequeno sírio encontrado
morto debruçado na praia da Turquia, que gerou todas as capas de noticiário na
época.
Quando o jornal sofreu o
atentado, represália da charge contra a religião muçulmana, todos se viram
contra a essa forma violenta e criminosa, aliás, nem todos.... muitos viram
como ato de justiça bárbara, estilo Lei de Talião, bateu...levou, até mesmo o
Papa Francisco, em entrevista, mesmo repudiando o ato terrorista, alertou: “ Se xingar minha mãe, espere um soco “ dizendo que não
se deve provocar ou insultar a religião dos outros. Não só na religião, sagrado
pontíficie, mas em todas as áreas da vida, desde pequenos devemos respeito ao
próximo, pais que acham graça no menino levantando saias estão criando
possíveis canalhas adultos, pais que acham graça em meninas dançando até o chão
estão criando possíveis canalhas adultas, pais que se vangloriam quando seus
filhos ganham uma briga na escola ou são pegos num sarro atrás da santinha,
pensando que seu filho é macho, estão criando canalhas adultos.
Creio que a família estruturada
na ética, na educação e cultura - e aqui me recolho em pensamentos de política
pública - ainda é a base de uma criação saudável, gerando homens e mulheres que
se preocupam no bem-estar da coletividade tão quanto o Direito se preocupa.
Mas, e agora? Quem poderá nos ajudar? O Chapolim Colorado, protetor dos fracos
e oprimidos já não existe mais. Em contrapartida, a Justiça existe, e, mesmo não
tendo mecanismos de censura, que acho até desnecessário no mundo moderno, tem
leis capazes de suprimir hoje para poder erradicar amanhã todo e qualquer ato
de intolerância e abuso de liberdade (leia-se libertinagem) que decresce o
estado de ser humano a uma desumanidade sem propósito e sem a mínima graça. Definitivamente,
#JeNeSuisPasCharlie .
A revista faz apenas seu papel de criticar de forma ácida essa mesma "visionária família estruturada na ética", para que se saia da inércia e dos falaciosos pensamentos do sistema perverso em que vivemos. Pq se chocar com essa imagem se o problema dos imigrantes é tão pior quanto? não a vejo como premonição do destino da criança (caso não tivesse morrido) vejo como uma crítica em que se mostra o pensamento da maioria dos europeus quando se fala em imigrantes. Definitivamente eles não são tratados como iguais lá (quando conseguem chegar vivos). Agora deixo a seguinte comparação: se a mesma imagem fosse feita aqui no Brasil com um menino morto na favela por uma bala perdida, crescendo e se tornando um traficante? Não iria chocar em nada nós brasileiros da sagrada família estruturada na ética.
ResponderExcluirEntendo que, por um lado, esteja a revolta europeia ante a obrigatoriedade moral e ética de acolher e resguardar milhares e milhares de refugiados. Afinal, quem deseja ver seu país cheio de pessoas que não são de seu agrado e, ainda, intoleram ambos os lados o gosto religioso tão destoante um do outro? O que não entendemos, de fato, é que no mundo que declaramos ser moderno, ainda é tão retrocesso no que se diz respeito ao próprio respeito, respeito político, de opção sexual, religioso... Na intenção de chocar, de satirizar, de chamar a atenção do mundo a determinado assunto, esquece-se do primordial que uma sociedade civilizada jamais deveria esquecer: de tratar os iguais de maneira igual, e os desiguais de acordo com a sua desigualdade em referência ao que conhecemos por estado de Direito. A visão xenofóbica e generalizada da qual a charge se prevalece, enoja e nos entristece. Qual o valor de uma vida, por fim? A vida do menino Sírio valeria menos do que os jornalistas franceses que foram mortos de forma brutal?
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