segunda-feira, 4 de julho de 2016

O terrorismo e o comércio de armas


Muito se falou que o comércio indiscriminado, e muitas vezes ilegal, de armas para o Oriente Médio é quem fomentou o terrorismo atual, mas parece que o contrário também está ocorrendo. Desde a fatídica destruição das Torres Gêmeas, num ato reconhecidamente terrorista contra o maior símbolo da modernidade capitalista mundial, explosões no aeroporto de Istambul na Turquia,  no centro comercial em Jacarta, estação de metrô em Bruxelas, boate Pulse em Orlando, entre outros,  os atentados aterrorizam a mente do cidadão comum, com a sensação de insegurança de forma cíclica intervalada entre um atentado e outro, em países aleatórios, mas que de alguma forma preservam, em comum, a liberdade religiosa e de expressão. Se, por um lado, governos se articulam para barrar ou dificultar a ascensão terrorista, através de maior segurança em eventos, aeroportos, instituições públicas, há os que se beneficiam com esse clima de violência.

Bem no estilo do filme: Uma noite de Crime – The Purge, 2013, a sensação de pânico que os atos assinados como terroristas causam na população faz aumentar a demanda por segurança privada, na aquisição de equipamentos de segurança patrimonial, como alarmes, cercas elétricas, kits de monitoramento por câmeras, e armas para segurança pessoal. Espantoso é que, nos bastidores da violência estão comerciantes de armas e munições e de equipamentos de segurança que, em detrimento das baixas civis, aumentam seus lucros exponencialmente a cada explosão mundo afora. Lógico que estou falando dos que podem pagar por essa segurança, enquanto os demais ficam à própria sorte.

Por mais que pareça, não estou falando dos EUA apenas, mas do Brasil também. Ah, mas aqui nunca houve ato terrorista. Independente se houve ou não, o vírus da insegurança se espalhou pelos noticiários e redes sociais, causando em todos o mesmo mal estar.  Sem falar da verdadeira guerra civil que o brasileiro enfrenta diariamente com a violência urbana, fomentada, principalmente, pelo tráfico de drogas, que criou uma verdadeira empresa do crime. Se o Estado Islâmico alista jovens com ideologias religiosas, aqui estão alistando jovens que, desamparados por falta de política pública séria, que não investe na educação e não oferece oportunidades de emprego, caem na velha estatística da cadeia ou da morte prematura.

Somos, assim, prisioneiros do medo, potenciais consumidores de artefatos para segurança. Imagine se (ou quando) houver a liberação do porte de arma para o cidadão comum aqui no Brasil, com a mídia imputando em cada um a necessidade de se armar até os dentes, justificada pela falta de confiança na segurança pública e na justiça lenta. Certamente, ainda não há grandes lobistas bélicos infiltrados na política nacional, caso contrário o cenário seria outro, bem parecido com nosso primo rico do norte, alvo maior das investidas terroristas, e que ainda consegue lucrar com bilheteria de filmes sobre o assunto e com o próprio comércio de armas, que a cada “boom” sofre o seu próprio “boom” de vendas.

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